Futebol: Yero: um gigante na área


Poucos viram, porque foi à porta fechada, mas Coulibaly Yero marcou dois golos no jogo-treino que o FC Porto disputou ontem com o Padroense, detalhado na página ao lado. Antes disso, e para ajudar quem não sabe nada sobre Coulibaly Yero, o melhor mesmo será começar pelo básico: é um avançado senegalês de quase dois metros (1,95 m, para ser exacto), completa 18 anos na próxima quarta-feira e chegou este ano aos juniores do FC Porto, proveniente do Istres. Foi precisamente no Istres que O JOGO recolheu mais alguns detalhes para juntar à primeira apresentação. "Não me diga que ele já está a dar que falar!", reage Henri Stambouli, director-desportivo e responsável técnico do clube francês, surpreendido pelo telefonema e pelo assunto.

Refeito desse impacto, Henri Stambouli embalou depois nos elogios. "Tem um enorme potencial e evoluirá muito se o FC Porto o integrar nos treinos com os profissionais", defende. "Não tem medo do choque com os defesas, sabe proteger a bola e, apesar da altura, é um jogador veloz." Também há defeitos, claro. "É inexperiente e, a nível técnico, terá de trabalhar muito. Sobretudo em pequenos gestos na área, importantes para quem joga de frente para a baliza", completa. E diz mais, com um entusiasmo indisfarçável: "Se conseguir evoluir no que apontei, poderá transformar-se num fenómeno." Género Cissokho? Também ele senegalês, vindo de um obscuro clube francês e que, num piscar de olhos, passou do oito ao 80? Ou, se preferirmos, dos 300 mil aos 15 milhões de euros. Stambouli solta uma gargalhada com a comparação sugerida. "Quem sabe..." Mais a sério, acrescenta um dado que lhe parece óbvio: "O FC Porto não arrisca nesta aposta, porque não pagou nada por ele. A lei francesa só nos prejudica."

E que lei é essa? Henri Stambouli puxa o filme atrás e explica por que razão o Istres não o pôde segurar, ou por que motivo os clubes franceses não lançaram a rede com convicção ao jovem senegalês. "O Yero chegou a França abrangido pelos acordos de Cotonou, que visam ajudar jovens africanos. Essa lei permite, por exemplo, que eles não contem como extracomunitários nos clubes. Mas há um reverso da medalha: enquanto não tiverem uma internacionalização, não podem assinar contratos profissionais. Por isso sabia que, mais tarde ou mais cedo, iria perdê-lo." A Naval interessou-se, mas os portistas anteciparam-se e desviaram-no. "Só o viram jogar 15 minutos, porque foi esse o tempo de utilização no ano passado", diz Sambouli. "Quando o Yero me contou que tinha o FC Porto interessado, disse-lhe: Vai a correr!'"

Não foi caso para tanto. Desviado para os juniores portistas depois de ter sido inicialmente apontado à Naval, por empréstimo, Yero estreou-se a marcar no Estádio do Dragão, porque foi no palco principal que FC Porto e Padroense mediram forças. Os dois golos permitem, pelo menos, despertar a curiosidade e apontar-lhe os holofotes. Henri Stambouli, que o conhece bem, acredita que isso não o atrapalhará. "É um jovem mentalmente muito forte e equilibrado. Esteve cerca de um ano e meio no Istres, longe da família. Ouve sempre os conselhos que lhe dão", garante, lamentando não o ter no plantel. "Não tínhamos nada para lhe oferecer; é um jovem muito interessante, mas, em França, por enquanto, só podia ter o estatuto de amador." Em todo o caso, já carrega nos ombros o peso de comparações muito profissionais...


Já houve quem o apelidasse de novo Drogba ou futuro Adebayor, e ele não se importa...

Ainda antes de aterrar em Portugal, Coulibaly Yero contou a um sítio francês que os dirigentes portistas lhe tinham causado "óptima impressão". E disse mais: "Ofereceram-me uma camisola número 9; serei o Drogba deles." Pelo menos, a declaração é-lhe atribuída. As comparações com Drogba foram feitas por muitos observadores. Mas há quem prefira usar o gigante Adebayor, agora no Manchester City, como exemplo de comparação, o que Yero não rejeita. Certo é que, seja um ou outro, o molde impressiona...

fonte: www.ojogo.pt

0 comentários:

Enviar um comentário